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Conheça o Ponto de Equilíbrio da sua Empresa

Gilmar Duarte - 20.08.2020

Qual é o mínimo necessário de vendas que a empresa precisa para cobrir as despesas e custos, sem que haja lucro? Infelizmente, nem sempre o empresário conhece essa resposta, mas deveria ter na ponta da língua.

Para calcular o Ponto de Equilíbrio ou o Ponto de Ruptura, que é dividido em Contábil (quando considera todos os custos e despesas), Econômico (deve acrescentar o custo de oportunidade) e Financeiro (desconsiderar a depreciação e amortização – despesas que não afetam o fluxo de caixa), é preciso ter em mãos os custos e despesas fixas e variáveis, dados que facilmente podem ser extraídos das Demonstrações Contábeis.

Ainda que a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), uma das peças das demonstrações contábeis, seja um relatório indispensável para a boa gestão de qualquer empreendimento, é comum empresas menores não ter a prática de fazê-lo e, consequentemente, analisá-lo periodicamente. 

Para incentivar quem ainda não utiliza a DRE como ferramenta de gestão, explicarei a sequência para a confecção. Mesmo sem todos aqueles detalhes costumeiramente adotados na Contabilidade, ajudará no cálculo do Ponto de Equilíbrio.

Considere uma empresa comercial e que devido não possuir a Contabilidade regular, irá apurar os dados médios do último exercício (ano), ou seja, montará a DRE. O primeiro passo é buscar o faturamento (venda) deduzido das devoluções de clientes. 

Na sequência, apurar o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). O CMV é aconselhável que seja calculado pelo método do custo médio, e para isso, basta multiplicar a quantidade física das mercadorias vendidas pelo custo médio de aquisição. 

A empresa que adota um software Enterprise Resource Planning (ERP) terá a informação com um piscar de olhos – normalmente basta emitir o relatório –, porém é recomendável a análise para ter a certeza que foi parametrizado corretamente.

É chegada a vez de conhecer as Despesas Variáveis de Vendas, ou seja, todas aquelas que só acontecem se a venda for concretizada. Neste grupo inclui: comissões de vendas – não se esqueça de incluir os reflexos, tais como o Descanso Semanal Remunerado, Férias, 13º Salário, Fundo de Garantia do tempo de Serviço (FGTS), Previdência Social etc. –, impostos sobre as vendas, fretes de vendas, provisão para perdas com o recebimento dos clientes, despesa com propaganda (quando está atrelada ao volume das vendas), entre outras.

Por fim, busque as Despesas Fixas, também denominadas de Indiretas, aquelas que acontecerão independentemente do volume de vendas, ou até mesmo, se não ocorrer a venda. Nesse grupo de despesas deve elencar todos os gastos que não figuraram no CMV ou nas Despesas Variáveis de Vendas: salários e encargos, pró-labore, serviços terceirizados (contador, advogado, consultoria etc.), aluguel, condomínio, energia elétrica, telefone, seguro, manutenções, despesas de viagens, tarifas bancárias etc.

Para facilitar a compreensão tome os números hipotéticos que seguem:

Faturamento                                      1.000.000,00

Custos das Mercadorias Vendidas       500.000,00   50%

Despesas Variáveis de Vendas             200.000,00   20%

Lucro Bruto                                          300.000,00

Despesas Indiretas                                180.000,00   18%

Lucro Líquido                                       120.000,00   12%

Com a apresentação dos números no formato de uma DRE bastante resumida, é possível saber que o CMV representa 50% do faturamento, ou de outra forma, a empresa adota o Mark-up 2 para formar o preço de venda (500.000,00 x 2 = 1.000.000,00). As Despesas Variáveis de Vendas equivalem a 20% do faturamento e as Despesas Indiretas 18%, dessa forma, apurou o Lucro Líquido de 12%.

Com o faturamento de um milhão por ano foi registrado o Lucro Líquido de 12%, então dá para deduzir que o Ponto de Equilíbrio será inferior a este montante. No entanto, qual é exatamente o valor? Será que basta deduzir $ 120 mil e encontrar $ 880 mil?

Uma solução seria criar uma planilha eletrônica e fazer simulações até encontrar o lucro zero, mas há uma fórmula que resolve este problema com maior agilidade e exatidão: Ponto de Equilíbrio = Despesas indiretas / (100% - (Custos das Mercadorias Vendidas + Despesas Variáveis de Vendas)). Vamos substituir na fórmula pelos valores da DRE acima apresentada.

PE = CF / (100% - (CMV + DVV))

PE = 180.000,00 / (100% - (50% + 20%)) = 600.000,00

Faturamento                                         600.000,00

Custos das Mercadorias Vendidas       300.000,00   50%

Despesas Variáveis de Vendas             120.000,00   20%

Lucro Bruto                                          180.000,00

Despesas Indiretas                                180.000,00   18%

Lucro Líquido                                                 0,00      0%

Ao aplicar a fórmula do PE é possível saber que, ao faturar $ 600 mil, a empresa cobrirá todos os custos e despesas, e a partir deste montante, começará a surgir o lucro. Ainda dá para constatar que o faturamento está 67% (400.000,00 / 600.000,00 x 100) acima do Ponto de Equilíbrio.

Se as vendas forem inferiores a $ 600 mil irá fechar com o resultado negativo, portanto deverá acender a luz vermelha. 

Agora que está entendido que o Ponto de Equilíbrio nada mais é do que um indicador de segurança que apresenta o quanto é necessário vender para igualar os custos totais envolvidos na operação, é preciso que seja colocado em prática. Calcule o Ponto de Equilíbrio do seu empreendimento e descubra se está: no nível preocupante ou de tranquilidade.

Gilmar Duarte é palestrante, contador, diretor do Grupo Dygran, autor dos livros "Honorários Contábeis" e “Como Ganhar Dinheiro na Prestação de Serviços” e membro da Copsec do Sescap/PR.


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