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QUER SER UM EMPREENDEDOR? CONTRATE UM CONTADOR E PLANEJE-SE!

Fernando Cafruni André - 24.05.2022

Este artigo poderá ser de grande utilidade para pessoas que estejam pensando em empreender, montar um pequeno negócio. Os tempos estão difíceis. A pandemia de Coronavírus, declarada oficialmente em março/2020 e somente agora, maio/2022 começando a desacelerar, desestabilizou muita gente e atrapalhou a vida de empresários e pessoas em geral e também trouxe desemprego. É em momentos assim que muitas pessoas pensam em montar algum pequeno negócio para não depender mais de emprego formal.

Os mais esclarecidos buscam auxílio profissional, contratando um bom Contador, o que recomendo. Os menos esclarecidos e, supostamente, mais audaciosos e autossuficientes, se aventuram sem buscar orientação profissional. E aí começam os problemas.

Muitos pensam que para montar um pequeno negócio basta estalar os dedos e, como num passe de mágica, seu negócio será aberto e vai prosperar.

Infelizmente, não funciona assim.

Em uma de minhas Disciplinas que leciono no Curso de Ciências Contábeis na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, CONTABILIDADE PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS, abordo este tema sob o título Registro do Comércio. Além da parte teórica, os alunos desenvolvem em grupos de trabalho a simulação da Constituição de uma Sociedade Comercial. Abordo também conceitos importantes sobre a atividade do MEI –Microempreendedor Individual. Estas são as duas formas para que uma pessoa possa levar adiante sua ideia de empreender. Porém não basta somente conhecer os aspectos legais destas atividades, tema que pretendo abordar no próximo Artigo. É preciso ir além.

E aqui chegamos a um tema fundamental para quem pensar em empreender, que é a atividade de Planejamento. Um bom profissional da Contabilidade saberá dar as principais orientações nesta questão.

Porém, aqueles futuros empreendedores que não optam pela contratação de um profissional daContabilidade, nem sempre têm o conhecimento técnico necessário para desempenhar essa atividade e, na maioria das vezes, iniciam um voo cego, na busca de seu sonho. E, também na maioria das vezes, acabam “quebrando a cara” por falta de Planejamento.

Mas o que significa a palavra “Planejamento”?

Em termos bem simples, planejar é prever acontecimentos futuros, partindo de premissas básicas do presente. Transpondo esse simples conceito para a atividade de empreendedorismo, qualquer pessoa interessada em iniciar alguma atividade de negócio precisará estabelecer o quanto vai precisar de recursos financeiros para levar adiante sua ideia de empreender. E aqui está a grande questão: COMO FAZER ISSO?

É exatamente esta pergunta que este Artigo pretende responder.

Não dá para empreender sem recursos financeiros. Achar que vai conseguir dinheiro emprestado de amigos ou parentes é um erro grosseiro. Recorrer a bancos, por mais ínfima que seja a taxa de juros, é determinar antecipadamente o fim de seu futuro empreendimento. Ou seja, em termos bem simples, se não tem dinheiro, desista de empreender, pois não vai chegar longe dessa forma. É preciso ter um mínimo para começar um negócio.

Todo negócio, obviamente, terá um gasto inicial com as instalações, a estrutura necessária para desenvolver as atividades. Mesmo que seja um comércio virtual, precisará destas instalações. A isso se dá o nome técnico/contábil de ativo imobilizado. Portanto o empreendedor deverá listar tudo o que ele vai precisar para iniciar o negócio e quantificar em moeda corrente.

Além disso, é muito importante identificar os gastos que terá para sua atividade. Os gastos se dividem em CUSTOS e DESPESAS. Os custos estão ligados diretamente ao produto ou serviço que será comercializado, como mão de obra, matéria prima, mercadorias. As despesas são os gastos acessórios, também necessários, para a atividade, como aluguel, energia elétrica, material de escritório, telefone, internet.

Não existe uma regra estabelecida para estes levantamentos. O que este Autor recomenda é que seja considerado o valor levantado para o Imobilizado da futura atividade mais o montante das despesas e dos custos por um período de 6 meses sem contar com o faturamento. Esta precaução visa evitar que o futuro empreendedor tenha que recorrer a dinheiro emprestado já no início de sua atividade, por falta de planejamento.

Para melhor compreensão, vou dar um exemplo bem simples, considerando uma pequena venda de bairro, com revistas, balas, doces, bebidas, lanches industrializados e outros produtos semelhantes.

Imobilizado – prateleiras, geladeira, balcão, expositores de produtos.

Valor estimado – R$ 10.000,00

Despesas mensais – aluguel, energia elétrica, telefone, internet. Não haverá no início empregado e o próprio empreendedor fará atendimento ao público.

Valor estimado mensal – R$ 1.500,00

Custos – montagem do estoque de mercadorias para venda e reposição mensal

Valor estimado mensal – R$ 2.500,00

Estimativa do Capital Inicial deste empreendimento

Imobilizado                                                 R$ 10.000,00

Despesas – R$ 1500,00 x 6 meses                     R$   9.000,00

Custos – R$ 2500,00 x 6 meses                         R$ 15.000,00

TOTAL DO CAPITAL INICIAL         R$ 34.000,00

Portanto, o que se recomenda a este empreendedor que queira montar uma pequena venda de bairro, como descrito, que ele tenha disponível, pelo menos, R$ 34.000,00.

Isto garantirá a ele funcionamento de seu negócio por 6 meses, sem depender de dinheiro de terceiros. O faturamento, se houver neste período, será um atenuante e ele poderá fazer alguma aplicação financeira para capitalizar seu negócio mais adiante. Se ao fim deste período de 6 meses, o negócio não se auto sustentar e dar condições de  o empreendedor retirar um pró-labore razoável, é melhor pensar em outra atividade pois dificilmente vai conseguir decolar.

O que se observa na prática, por desconhecimento e por falta de experiência de pessoas que ficam desempregadas e recebem sua indenização é que muitas vezes elas pensam que, tendo o dinheiro para montar o negócio (o valor do Imobilizado), elas já podem pensar em empreender. Como foi demonstrado neste simples exemplo, ter o dinheiro para o Imobilizado não é suficiente. É preciso prever os custos e despesas também. O faturamento no início de qualquer negócio pode não ser suficiente para cobrir estes gastos operacionais e aí já começam os problemas de quem não se planejou.

Além deste Planejamento inicial, obviamente que o futuro empreendedor deve pensar na sua formalização, como MEI – Microempreendedor Individual ou em uma das formas legais de empresa.

Isto será objeto de um próximo Artigo.

Dúvidas e comentários podem ser encaminhados para  

Fernando Cafruni André

fernando@universalsaude.com

whatsapp    (41) 9 8408 9115

Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Contábeis

Empresário do setor de saúde – www.universalsaude.com

Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais

Disciplinas de

Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas

Profissão Contábil e Contemporaneidade (Ética e Normatização na Profissão de Contador) 

Orientador de alunos para elaboração de TCC 

Autor dos livros:

ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL - Para Contadores de Nível Superior. CURITIBA: APPRIS EDITORA E LIVRARIA EIRELI - ME, 2019. ISBN 978-85-473-2925-9. 

CONTABILIDADE PARA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS - Um Enfoque Gerencial para Contadores, Administradores e Empreendedores. São Paulo: ACTUAL EDITORA - GRUPO ALMEDINA - PORTUGAL, 2019. ISBN 978-85-62937-27-9.


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